Eu sei que você sabe.
Eu sei que você sabe mais que todo mundo. É quem sempre sabe, tem certeza.
Olha e vê, vê e adivinha. E acha.
Você sabe que isso é dor, dó, ré, mi, fá, sol, lá, si no ouvido dela. São todas as notas musicais misturadas.
Que a dor seja de alegria, como as dores de barriga e a falta de ar de quando a gente morre de rir.
Que a dó não seja pra ela. Que a dó seja de quem não tem ela por perto. E nem você.
Que a ré seja pra voltar e olhar mais uma vez quem te dá força. Que seja pra repetir o que ficou guardado como inesquecivelmente bom.
Que o mi seja uma mistura de minha e de mico.
Que fá seja irmã da fé e da verdade.
Que o sol seja quem dá o brilho que ilumina os dois.
Que o lá seja o lá longe ou o lá na esquina, ou o lá na sala em frente a TV.
Chega de descer ladeira abaixo. Talvez seja a hora da subida. Da escalada, se for uma montanha. De levantar voo se for pra muito longe.
É hora de ir.
Todos podem. Você não. Não mais.
Mas ora, quem disse?
Já é hora. E é agora.