segunda-feira, 18 de julho de 2011

Azul ou amarelo?

Eu bem queria que desse certo. Ah, queria. Queria que fosse direito, junto, real, colorido e discreto.

Mentira.

Queria que fosse escancarado, conto de fadas, final feliz. Mas conto de fadas é pra sempre, é estático, é irreal, inalcançável. Quero mais que conto de fadas. Quero vida, quero som, quero minhas cores em preto e branco colorindo tudo, essa minha discrição e minha caretice que só pertencem a mim. Vou continuar careta. Continuarei uma indecisa de poucos amigos e muitas gargalhadas. Vou pensar.

-Azul ou amarelo?
- ...
- Moça, azul ou amarelo?
- Han? Er... o branco!
- Moça, não tem branco.
- Vou levar o azul. O azul é lindo.

E se não consigo entrar na loja e não levar por vergonha, ou não pegar o copo para beber água com vergonha, ou ainda falar pouco por medo de falar bobagem no meio de estranhos, vou continuar assim. É, e pedirei poucos favores, como sempre. Falarei com o motorista apenas o necessário. E o que é necessário? Na verdade, prefiro voltar a pé por dois pontos de ônibus que falar o necessário, ou gritar, ou pedir que pare.

Sou mais que complexidade. Sou emoção tentando ser razão. Sou dúvida demonstrando certeza. Sou fraqueza querendo parecer força. Sou ilusão, ignorância e burrice em forma de interesse. Sou verdade, muita verdade. Minha verdade é sincera. Meu amor é contido querendo ser expansivo, abrangente, amigo do seu. Sou e serei o que sou. O que sou? Sou careta.